4. Portugal era governado pelo Príncipe Regente Dom João em nome do sua mãe D. Maria que enlouquecera. . Pressionado por Napoleão, que exigia o encerramento dos portos portugueses ao comércio inglês, e ao mesmo tempo pretendendo manter as boas relações com a Inglaterra, Dom João tentou adiar o mais que pôde uma decisão definitiva sobre o assunto.
5. Se aderisse ao Bloqueio Continental, Portugal ficaria em condições extremamente difíceis, porque a economia portuguesa dependia basicamente da Inglaterra. Os ingleses eram os maiores fornecedores dos produtos manufacturados consumidos em Portugal e também os maiores compradores das mercadorias portuguesas e brasileiras. A Inglaterra, por sua vez, também não queria perder seu velho aliado, principalmente porque o Brasil representava um excelente mercado consumidor para os seus produtos.
6. Para resolver a situação de acordo com os interesses de seu país, o embaixador em Lisboa, Lorde Percy Clinton Smith, Visconde de Strangford, conseguiu convencer Dom João a transferir-se com a corte para o Brasil. Desse modo, os ingleses garantiam o acesso ao mercado consumidor brasileiro e, simultaneamente evitava a deposição da dinastia de Bragança pelas forças napoleónicas. O Tratado de Fontainebleau, assinado entre a França e a Espanha em Outubro de 1807, segundo o qual as colónias portuguesas seriam repartidas entre aqueles países, apressou a decisão do Príncipe Regente de abandonar a metrópole.
7. No dia 29 de Novembro, Dom João e a sua família, acompanhados por cerca de 15.000 pessoas, incluindo fidalgos, grande número de tropas e a elite intelectual deixaram Lisboa. Levou também documentos, bibliotecas, colecções de arte e todos os objectos possíveis de transportar. Foram escoltados por quatro navios britânicos até o Brasil tendo chegado à Baia a 22 de Janeiro de 1808.
9. No dia seguinte à partida da corte, as tropas francesas do general Junot entraram em Lisboa. … ficaram a ver navios no Alto de Stª Catarina… A capital oficial do Império português era agora o Rio de Janeiro. A partida do Regente D. João com a Rainha, ficando o governo do território continental nas mãos de uma regência, com instruções para não "resistir" aos invasores deixava vazio de conteúdo o decreto de Napoleão de 30 de Outubro que dava como banida a Casa de Bragança do trono de Portugal. Pag.80 doc.2 1 a 4 A que se refere nas linhas 4 a 6
10. Junot era acompanhado apenas por um efectivo de 10 mil dos 28 mil soldados franceses que tinham invadido Portugal, e distribuídos ao redor de Lisboa. Alguns sob o comando do General Loison, o famoso “ maneta ”. Entrada de Junot em Lisboa, gravura da época
11. A 9 de Maio de 1808, o príncipe regente de Portugal, no Brasil, declarava nulos todos os tratados de Portugal com a França, declarando guerra aos franceses e amizade ao seu antigo aliado, a Grã-Bretanha. A 6 de Junho, iniciam-se no Porto revoltas populares contra a ocupação francesa. Sob o comando do tenente - general Sepúlveda o movimento de Trás-os-Montes nomeia a Junta Provisional do Supremo Governo do Reino (1808), liderada pelo bispo do Porto, D. António de Castro. No dia 24 de Julho, desembarca no Porto o general Arthur Wellesley, que aí recebe preciosas informações sobre a situação militar no conjunto do território português.
12. 1 de Agosto, as tropas britânicas começaram a desembarcar perto da Figueira da Foz, marchando no dia 10 para Leiria onde se juntaram às forças portuguesas de Bernardino Freire. São cerca de 20 mil homens; 14 mil britânicos e 6 mil portugueses. Travaram-se de seguida, as batalhas de Roliça Vimeiro, vencidas pelos aliados. Os franceses foram forçados a assinar a Convenção de Sintra ( 30 Agosto 1808). . Terminava a 1ª INVASÃO FRANCESA -1807/08
13. Soult invade o país pela fronteira de Chaves em Março de 1809, avançando até à cidade do Porto que ocupou. A reorganização e treino das tropas portuguesas, debilitadas pela ida de quadros militares para o Brasil e pela incorporação forçada das melhores unidades na Legião Portuguesa ao serviço de Napoleão foi feita por Sir William Beresford. Os exércitos luso-britânicos vencem os franceses na Batalha do Douro, reconquistando a cidade do Porto e expulsando o invasor, que se retirou para a Galiza. Termina a 2ª INVASÃO FRANCESA - 1809
14. A terceira invasão francesa teve início em 1810, sob o comando do Marechal André Massena. Entrou pelo Nordeste de Portugal, em Agosto conquistou a Praça-forte de Almeida, seguindo para Lisboa. Foi derrotado a 27 de Setembro na Batalha do Buçaco. Reagrupando os seus exércitos, retomou a marcha, flanqueando as tropas Luso-Britânicas e forçando-as a recuarem para defenderem a capital. A 14 de Outubro Massena atinge as Linhas de Torres o extenso conjunto de linhas fortificadas que visava a defesa de Lisboa das tropas invasoras.
15. As tentativas de ultrapassar as linhas de Torres foram infrutíferas resultando em escaramuças, sempre sem consequências . Sem alimentos, e com o inverno à porta, Massena esperou um movimento em falso dos opositores. Dentro das linhas os mantimentos eram suficientes e não havia falta de vinho e de divertimentos. A 15 de Novembro o posto avançado britânico descobriu que as sentinelas francesas eram, afinal, bonecos de palha. A retirada tinha começado na noite de 14 de Novembro. Terminava a 3ª INVASÃO FRANCESA 1810 ALEGORIA DA EXPULSÃO DOS FRANCESES, Domingos António de Sequeira
16. 1ª Linha estendia-se por 46 Km, de Alhandra à foz do rio Sizandro, em Torres Vedras, complementada por 14 canhoneiras inglesas que patrulhavam o rio Tejo (a Bateria do Tejo ); 2ª Linha estendia-se por cerca de 39 km, de Forte da Casa a Ribamar; 3ª Linha perímetro defensivo de cerca de 3 km, da povoação de Paço D’ Arcos ao Forte de São Julião da Barra 4ª Linha erguia-se na margem sul do rio Tejo, fechando a península de Setúbal, cobrindo aquele flanco.
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19. 4. Construção das fortificações em segredo absoluto, um dos aspectos mais extraordinários do projecto. Inacreditavelmente nem os franceses nem o governo britânico tinham conhecimento destas fortificações. 5. Política de terra queimada e de desertificação, a Norte das Linhas, que levou à deslocação de cerca de 300.000 habitantes dos distritos vizinhos para dentro das Linhas, apoiando a sua defesa. Milhares de desafortunados habitantes das províncias das quais o nosso exército se tinha recentemente retirado (…) tentavam sobrevier entre Lisboa e as Linhas. Havia assim uma imensa população amontoada num pequeno espaço, centenas das quais sem uma casa para os cobrir ou comida para comer(…) Leach, Rough Sketches
20. As Linhas de Torres foram construídas a partir um relatório do coronel Vincent de 1807, a pedido de Junot, sobre as excelências defensivas do terreno na região de Torres Vedras, bem como dos estudos topográficos do Major Barreiros e do Brigadeiro Neves Costa. Com base neste relatório o duque de Wellington mandou edificar aquele que é considerado o mais eficiente sistema de fortificações de campo da História militar. A construção das Linhas empregou cerca de 150.000 camponeses, recrutados numa área de 64 Km à volta das Linhas. Os trabalhos, sob a direcção geral do Coronel Fletcher, foram dirigidos por 18 oficiais e 150 sargentos britânicos. O custo total da obra rondou as 100.000 libras, constituindo um dos investimentos mais baratos de toda a História Militar.
21. Wellington fez questão que todas as equipas que colaboraram na construção, fossem pagas pelo seu trabalho, coordenado por um oficial de engenharia inglês e capatazes portugueses. Esta grande obra só foi possível devido às populações que, durante um ano, abandonaram as suas terras para nela trabalhar mantendo o segredo bem guardado.